Duas informações recentes nos fazem refletir sobre o papel das entidades tecnológicas na atual conjuntura.
A primeira informação refere-se à PINTEC – 2014, publicada em dezembro último. Trata-se de pesquisa estatística sobre inovação tecnológica, realizada pelo IBGE, com dados coletados em 2015. Um número expressivo de empresas foi pesquisado: 132.529. O dispêndio em P&D com relação à receita líquida da empresa foi, em média, de: 2,12%, índice menor que aqueles revelados por pesquisas anteriores: 2,37% em 2011 e 2,54%, em 2008. Isto significa que as empresas estão reduzindo seu esforço de inovação em produtos e processos.
A segunda informação, publicada em fevereiro último, resulta da publicação de um estudo, realizado pela empresa de consultoria McKinsey, sobre a produtividade da construção. O estudo compara os resultados do indicador “produtividade da mão de obra” de diferentes países industrializados e emergentes. O Brasil ocupa um dos últimos lugares da classificação internacional, no grupo de países de baixa produtividade e está regredindo, com relação a esse indicador.
Cabe esclarecer que, quando se menciona baixa “produtividade da mão de obra”, não se está apontando baixa operosidade dos trabalhadores, e sim o atraso tecnológico dos métodos e processos utilizados, bem como as deficiências de gestão e organização do ambiente de trabalho.
Ao combinar as duas informações, constata-se um cenário preocupante para o nosso país. Não investir ou investir pouco em pesquisa, desenvolvimento e inovação significa acomodar-se em um ambiente ineficiente e incapaz de enfrentar a concorrência nacional e, sobretudo, internacional. Na implantação de investimentos (onde está a construção), esse cenário resulta em custos de capital mais altos e, em consequência, menor capacidade de investir. Menos investimentos, menos crescimento, menor geração de empregos e mais pobreza. Este é o círculo vicioso.
E as entidades tecnológicas nesse contexto?
Estas podem e devem contribuir. O primeiro passo é o de desmistificar a inovação. Inovar não significa buscar algo sofisticado e inalcançável. Inovar significa gerar valor ao resolver problemas e eliminar gargalos ao desempenho empresarial mais eficiente e rentável. Um bom projeto de P&D de interesse da indústria não é aquele que busca resultado original e inédito (esta é a motivação da pesquisa científica). O bom projeto tecnológico é o que nasce a partir do conhecimento de problemas reais, cuja solução seja relevante para o sucesso de uma empresa. Projetos com essas características têm maior probabilidade de conquistar recursos e de alcançar o reconhecimento do papel das entidades tecnológicas, como atores econômicos importantes.
E a FBTS?
Nós estamos adotando essa opção de ampliar nossa carteira de projetos tecnológicos. Projetos que tenham como alvo a superação de desafios empresariais que estejam sintonizados com as atuais tendências tecnológicas de alto impacto no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade.
José Paulo Silveira – Conselheiro FBTS – 05/05/2017
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